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Morcegos

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Classe: Mamíferos      Ordem: Ouirópteros     Família: Noctilionídeos
Os morcegos são os únicos mamíferos capazes de voar.

São pelo menos 1.116 espécies, que possuem uma enorme variedade de formas e tamanhos, que variam entre cinco centímetros e dois metros.
Possuem um sistema de ecolocalização (biossonar ou orientação por ecos).

A parte dobrada dessa planta mostra três tendas de morcegos brancos. Eles prendem-se pelos pés nos furos que fizeram com os dentes no filamento central da folha, protegendo-se da chuva.

 

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Qualquer caçador que se aproxime sorrateiramente da tenda fará a folha vibrar, alertando-os e dando-lhes tempo para fugir.

Sua insólita coloração branca ajuda a camuflá-los. Quando o sol brilha através do fino teto de folha do seu abrigo, os morcegos confundem-se com a cor da folha.

Essa espécie prefere trocar de poleiros do que tornar a usá-los com muita frequência. Embora eles possam ficar em um mesmo lugar durante seis semanas, em geral não usam o mesmo poleiro mais que dois dias seguidos.

O morcego cabeça-de-martelo macho, o maior de todas as espécies africanas, tem uma cara estranhamente retorcida — boca e lábios imensos e exageradas bolsas na região malar.

A fêmea, em comparação, tem o focinho fino e pontudo. As diferenças são importantes, pois dão ao macho a capacidade de conquistar uma companheira, com a voz forte.

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A laringe do macho é tão grande que ocupa a maior parte de seu peito, e as passagens de ar dentro das narinas são igualmente grandes. Isso lhe dá meios de emitir um guincho alto, necessário para atrair a fêmea nas duas estações anuais de reprodução.

Todas as noites, distribuídos nos espaços e pendurados de cabeça para baixo nas árvores, os machos batem as asas e guincham várias notas por segundo. Se uma fêmea aparecer num raio de um quilômetro e meio, parando perto de um determinado macho, ele aumenta a frequência dos guinchos até cada nota individual desaparecer num único canto sedutor.

As fêmeas são atraídas pelos guinchos mais altos nesse desfile de beleza sonora do macho. Mas depois de todos os esforços, o processo de acasalamento dura apenas 30 segundos.

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Creche de morcegos

A maior creche do mundo deve ser a da caverna de Carlsbad, no Novo México, Estados Unidos, onde vivem mais de vinte milhões de morcegos mexicanos de cauda livre.
Todo ano, na época de acasalamento, as fêmeas voam cerca de 1.300km em direção ao norte, do México até o sul dos Estados Unidos, onde buscam um local seguro e adequado.
O ideal é uma caverna úmida e quente, numa área cheia de insetos, para as fêmeas se alimentarem à noite.
Como há poucas cavernas assim para uma enorme quantidade de morcegos, locais adequados — como a caverna de Carlsbad, uma das maiores do mundo — ficam lotados.
Toda noite, os filhotes são deixados pendurados pelos tetos e paredes da caverna enquanto a mãe sai para alimentar-se. Quando volta, procura seus próprios filhotes entre milhões. Primeiro, limita sua busca em torno do ponto de onde saiu, depois procura identificar os filhotes pelos guinchos.
Ao passar pela multidão de filhotes — cerca de dois mil por metro quadrado — todos famintos, tentando mamar nas suas tetas, ela dobra as asas e afasta-os com mordidas e chutes. Quando finalmente encontra seus filhotes, a fêmea cheira-os para identificar os dois odores que confirmam sua opção: o cheiro único das glândulas sudoríparas dos filhotes e o odor deixado neles por uma glândula localizada no seu focinho enquanto ela os lambia.
Somente quando a fêmea tem certeza absoluta de que o guincho e o cheiro correspondem é que amamenta os filhotes.
A identificação às vezes é falha, mas quatro entre cinco vezes a fêmea amamenta seus próprios filhotes.

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Todos os morcegos, exceto os morcegos-ferradura, emitem sons pela boca.
Todos têm orelhas grandes e muito sensíveis, que conseguem captar os ecos de seus sinais.
Assim, podem encontrar insetos voadores na mais absoluta escuridão. Os guinchos do morcego são muito agudos para os ouvidos humanos, mas, de fato, precisam ser.
O som propaga-se através de ondas, cujo comprimento é determinado pela sua altura. Quanto mais alto o som, menor o comprimento da onda, portanto, menores seão os objetos nos quais irá ricochetear.
Os sons mais altos emitidos pelos morcegos podem atingir uma frequência de 200 mil hertz (ou 200 mil ondas por segundo) e captar ura objeto do tamanho de um mosquito pólvora a uma distância de 18m.
Os ecos não só revelam a presença de um objeto, como também indicam ao morcego sua posição. Como o som se propaga sempre à mesma velocidade no ar, o morcego consegue avaliar a distância, pelo tempo que o eco leva para retornar, e sua intensidade relativa em cada uma das orelhas indica a direção.
Para obter mais alguma informação, eles usam sons de diferentes alturas.
Geralmente, cada guincho do morcego começa a uma determinada altura e cai rapidamente, emitindo uma série de comprimentos de onda. Isso tem duas vantagens: a onda de comprimento maior penetra mais longe e vasculha uma área maior, e a onda de comprimento menor ricocheteia em diminutos objetos.
Um morcego voando vasculha o ambiente com dez a vinte pulsos por segundo, mas aumenta a potência rapidamente para obter informações mais detalhadas ao aproximar-se da presa.

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O morcego cabeça-de-martelo é um dos poucos machos a participar de um lek — reunião de machos exibindo-se para atrair a fêmea. Pendurados nas folhagens, guinchando ruidosamente, vêem-se até 150 machos: a fêmea faz repetidas visitas à fileira antes de escolher o companheiro que guinchar mais alto.
Muitos mamíferos pulam e saltam. Outros nadam e mergulham. Apenas os morcegos voam. Eles foram o segundo grupo mais numeroso de mamíferos em espécies. Os morcegos variam muito em tamanho, indo do pequeno nariz-de-porco com envergadura de asas de 14 cm às enormes “raposas-voadoras” do tamanho de um cachorro pequeno e com envergadura de 2 m.
As asas, únicas entre os mamíferos, são feitas de finas camadas de músculos e fibras elásticas cobertas de pele. Os ossos do braço e os dedos, do segundo ao quinto, suportam a asa; o “polegar” funciona como garra e é usado para rastejar, coçar e agarrar e, em algumas espécies, para lutar e segurar o alimento.
Os músculos que dão força às asas são os mesmos que usamos para agitar os braços, mas proporcionalmente muito mais fortes. Alguns morcegos voam a mais de 50 km/h.
Sociáveis, empoleiram-se juntos, aos milhares, nas cavernas. À noite algumas espécies cooperam entre si na busca do alimento. Na época da reprodução, machos e fêmeas chamam uns pelos outros.
A maioria dos morcegos é insetívora — come mariposas, mosquitos, moscas. Os frugívoros comem frutas e partes de plantas. O vampiro se alimenta de sangue.
Entre os mamíferos, as feições dos morcegos são as mais expressivas.

Há milhões de anos, os morcegos caçam as mariposas, e as mariposas tentam fugir dos morcegos, isso proporcionou uma evolução das armas usadas pelos competidores ao tentarem sobrepujar seu oponente.
À primeira vista, os morcegos parecem levar vantagem sobre suas presas — eles são mais rápidos e mais hábeis durante o voo.

Isso tudo é verdade, mas há uma desvantagem: os guinchos agudos com que se orientam para voar anunciam sua aproximação. As mariposas desenvolveram seus sentidos para explorar essa desvantagem. Ao contrário da maioria dos insetos, elas têm ouvidos, embora sejam simples. A mariposa pode, portanto, detectar muito bem o som para saber que o morcego em silêncio está distante, e o morcego barulhento está muito perto. Como ela tem um ouvido de cada lado, pode detectar de que lado o morcego está se aproximando.
A mariposa é capaz de captar os gritos de ecolocalização do morcego marrom da América do Norte a uma distância de 40m,
enquanto o morcego só consegue perceber um objeto do tamanho da mariposa a uma distância de 5m, o que dá a ela tempo para fugir.

Primeiro, ela voa dando grandes voltas para escapar do adversário. Se isso falhar, tenta defender-se de outra maneira. Dos dois lados da parte superior de seu corpo ela tem uma couraça com minúsculas cristas. Quando essa couraça é torcida, as cristas produzem um estalo. Se a mariposa emitir esse som no exato momento em que o morcego está para pegá-la, ele se assusta e desiste do ataque. Caso esse método também não funcione, ela tem ainda uma última chance de defesa: dobra suas asas e mergulha na direção do chão, onde o morcego não conseguirá distingui-la contra o fundo sólido.

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Traído pelo seu próprio som, enquanto tentava chamar a atenção de uma fêmea, o sapo vira um apetitoso lanchinho.

Os morcegos emitem pulsos sonoros que se chocam nos obstáculos e produzem eco. Os morcegos decifram os ecos para localizar precisamente o formato e a posição do objeto.
No entanto, apenas uma pequena percentagem do silvo do morcego consegue penetrar na água, tornando difícil a localização da presa. Eles pescam monitorando as pequenas ondulações que os peixes produzem quando aparecem na superfície d’água.
Uma leve agitação ou uma pequena ponta de barbatana surgindo na água são suficientes para alertar o morcego da presença de um peixe.

Eles sempre seguem os pelicanos-pescadores, porque quando o peixe foge em pânico dessa ave, geralmente aparece na superfície.
Depois de revelada sua posição, os morcegos precipitam-se sobre a água, arrastando os grandes pés na pequena onda até tocarem a vítima e capturá-la com a unhas afiadas,tira-os da água e leva-os à boca.
Às vezes voltam ao seu poleiro para alimentar-se ou mastiga o peixe no ar. Os morcegos-pescadores têm longas pernas e pés fortes, com unhas afiadas para pegar as presas escorregadias na água.

Ao voar pela noite, o morcego emite sinais de localização. Os sons são agudos demais para serem detectados pelo ouvido humano, mas para os morcegos, são como o som de uma furadeira para o homem.

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Os dentes dos morcegos são tão afiados que eles podem atacar uma vítima adormecida e sugar seu sangue sem acordá-la.

A o amanhecer e ao anoitecer reina um visível caos na entrada de certas cavernas no sudeste da Ásia. Elas são cenário de um engarrafamento causado pelos movimentos de entrada e saída de pássaros e morcegos.
Ao anoitecer, quando os morcegos partem à caça de insetos, as andorinhas da caverna estão voltando da caçada – elas também se alimentam de insetos. As andorinhas dirigem-se aos seus ninhos pendurados nas paredes das cavernas.
Essas casas, em forma de concha, são construídas com a sua própria saliva e são muito apreciadas pelos chineses, como ingrediente principal da sopa de ninho e pássaro.
Os pássaros encontram seu caminho na escuridão com a ajuda da ecolocalização. Produzem estalos de baixa frequência com a língua e prestam atenção aos ecos que reverberam dos obstáculos no seu caminho.
Os morcegos que passam pelas entradas aos milhares, ficaram o dia empoleirados nas partes mais profundas das cavernas. Assim como as andorinhas das cavernas, eles também se orientam pela ecolocalização, mas usam pios de alta frequência.
Tanto os pássaros entrando quanto os morcegos saindo têm que passar pelos pássaros predadores, como falcões peregrinos e gaviões-morcegos que caçam na penumbra do amanhecer e do anoitecer a comida disponível duas vezes ao dia no engarrafamento aéreo. Os gaviões precipitam-se sobre a entrada das cavernas, atravessando os bandos e agarrando pássaros ou morcegos. O pandemônio reina quando os densos bandos rodopiam, tentando evitá-los. As andorinhas precipitam-se de grandes alturas, em espiral, para dentro das cavernas, tentando evitar os predadores.
Não fosse por essas migrações diárias de pássaros e morcegos indo e vindo das cavernas, seus demais habitantes das cavernas – grilos gigantes, aranhas caçadoras cegas e caranguejos guanos de pernas longas, dentre outros – não sobreviveriam. Eles jamais se aventuram para o exterior, mas as migalhas de comida que os pássaros e morcegos deixam cair, e seus excrementos e cadáveres, fornecem uma constante fonte de suprimentos para os abutres que vivem abaixo. Esse suprimento de comida é tão concentrado, que provavelmente há mais criaturas vivendo no chão de uma dessas cavernas do que em uma área semelhante no chão da floresta, do lado de fora.

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Os morcegos-tocinho-de-folha passam os dias pendurados no teto das cavernas. À noite, as andorinhas das cavernas voltam para seus ninhos nas paredes.

Assim como o peixe-voador é um bicho que dentro da água dá suas escapadinhas pelo ar, outros bichos vivem no ar e dão suas escapadinhas para dentro da água, como os morcegos-pescadores ou aves marinhas. Todos eles são animais que, de uma maneira ou de outra, dependem do ambiente aquático para viver.
Os animais pescadores desenvolveram técnicas especiais. As aves possuem, sobretudo, uma boa vista. Os morcegos desenvolveram seu maravilhoso ouvido, que lhes permite perceber o reflexo das ondas sonoras que emitem. Não foram só eles que desenvolveram esse método. Uma evolução paralela se deu com os delfins, que usam a mesma técnica dentro da água.

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Os morcegos-vampiros não chegam a justificar sua reputação. Diversas colônias desses morcegos, do tamanho de ratos, são encontradas na América Central e América do Sul. Seus dentes são afiados como navalhas para afundarem nas vítimas e, embora eles não sejam contra a ideia de atacar seres humanos, alimentam-se principalmente do gado.
Os morcegos transformam suas longas línguas sulcadas em tubos para beber o sangue de uma ferida, e têm um anticoagulante na saliva para evitar que o sangue coagule. Essa saliva não funciona somente a meia hora de que eles precisam para beber até se saciarem, mas durante até oito horas.

O sangue é rico em proteína, mas contém poucas calorias; portanto, os morcegos precisam consumir até três quintos de seu próprio peso (28g) de uma só vez para sustentar seu voo, que gasta muita energia. Se o morcego deixar de alimentar-se por dois dias, ele morre. A fêmea que não encontra uma vítima e precisa urgentemente beber um pouco de sangue será alimentada pelo sangue regurgitado de outras fêmeas de mais sorte.

A mordida do morcego hematófago é pouco mais que uma picada, que em geral nem chega a perturbar o sono da presa. Durante algum tempo o morcego fica ali, bebendo o sangue que escorre da ferida. Usa a língua enrolada como um canudo aspirante.
Vampiros da Amazônia, porém, muitas vezes levam na saliva alguma coisa mais, que é mortal para o bicho que eles atacam: o vírus da raiva. Como cães e outros animais, também o morcego que se alimenta de sangue pode ser vetor da perigosa doença. Até epidemias têm ocorrido por causa da ação noturna de vampiros em gado e em gente, pois é verdade que pessoas adormecidas podem ser vítimas da mordida fatal. A raiva é causada por um vírus que ataca o sistema nervoso, embora a rigor não seja a mesma hidrofobia que os cães contaminados transmitem às pessoas quando mordem.
Na Amazônia, a noite fica infestada por milhões e milhões de morcegos de enorme variedade. Alguns favorecem a existência humana, por limitarem a proliferação de insetos.
Outros favorecem a flora, ao lamberem néctar e diminutos insetos das flores. Como os colibris, ao passarem de uma flor para outra levam pólen na saliva.
Por mais numerosos que sejam os bandos de morcegos, porém, eles jamais confundem seus gritos ultra-sônicos com os gritos emitidos por seus companheiros de habitat.

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Os morcegos são parentes mais próximos de bichos da ordem dos Insetívoros que da ordem dos Roedores, apesar da semelhança aparente que possuem com os ratos.

Grandes morcegos da família dos Filostomídeos e alguns outros, que incluem os maiores do mundo (até metro e meio de envergadura), atacam aves e ratos de porte relativamente grande. Mas alguns preferem comer só frutas.
Morcegos da família dos Tiropterídeos e Mizopodídeos, do Brasil e de Madagáscar, são dotados de ventosas que lhes suportam o corpo no repouso diurno.

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