Todos os anfíbios ápodes (sem pernas) formam a Ordem Gymnophiona e recebem o nome de cecília ou cobra-cega.
Existem aproximadamente 55 espécies. Todas elas possuem o corpo comprido, muito fino e de forma cilíndrica.
As espécies mais longas que medem cerca de 90 cm, têm pouco mais de 2 cm de diâmetro.
Esses animais vivem em todas as regiões tropicais, menos na Oceania e na República Malgaxe.
São bastante difíceis de observar e estudar pois vivem em redes de túneis a 90 cm ou mais de profundidade, alimentando-se de moluscos, vermes e até cobras pequenas.
Engolem a presa inteira e sabe-se de casos em que se comem uns aos outros.
Possuem um tentáculo protrátil muito sensível entre o olho e a narina.
Das três ordens de anfíbios, a Gymnophiona é a menos conhecida em todos os aspectos biológicos.
CARACTERÍSTICAS:
Comprimento: até pouco menos de 1 m
Boca dentada
Alguns com escamas mesotérmicas implantadas na pele
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Os atuais vertebrados fossórios eram inicialmente tetrápodos e, ao longo do processo de colonização do mundo subterrâneo, perderam seus membros. Parte dos cientistas acreditam que essa tenha sido a origem das serpentes a partir dos lagartos, e que, posteriormente, voltaram a colonizar, já sem as patas, o ambiente terrestre.
Mas, além das serpentes, encontram-se lagartos, anfisbenas e anfíbios ápodos. O corpo anelado é um outro exemplo de adaptação presente em alguns vertebrados fossórios de várias linhagens, mas também nas minhocas.
Esse tipo de corpo deve ter sido selecionado como o mais eficiente para a fossorialidade, já que facilita o deslocamento no solo, pois os seus anéis se apóiam firmemente, atritando contra as paredes dos túneis.
Os anfíbios foram os primeiros vertebrados a conquistar o ambiente terrestre. Os registros mais antigos datam da era Paleozóica, no período Devoniano, há mais de 360 milhões de anos.
Atualmente a classe Amphibia agrupa três ordens: Anura, representada pelos sapos, rãs e pererecas, Urodela (ou Caudata), compreendendo as salamandras e tritões, e Gymnophiona (ou Apoda), representada pelas cecílias, também conhecidas popularmente como cobras-cegas.
Pode-se afirmar que, em função da sua história evolutiva, são animais que permanecem aprisionados entre a água e a terra. Essa dependência da água permeia toda a vida desses animais, refletindo no seu relacionamento com o meio ambiente.
Nos anfíbios, a pele é de fundamental importância para a maioria das atividades vitais, atuando, principalmente, na respiração, defesa contra predadores e microrganismos. Essa pele é bem glandular, apresentando dois tipos básicos de glândulas, as mucosas e as granulosas. As mucosas secretam o muco, o que torna a pele dos anfíbios úmida, favorecendo as trocas gasosas. Assim, uma boa parte da respiração deles é cutânea, existindo até espécies, como salamandras, desprovidas de pulmões.
As glândulas granulosas – ou glândulas de veneno – são responsáveis pela defesa química passiva, secretando substâncias tóxicas para predadores ou microrganismos. Já que a pele é um constante meio de cultura de bactérias e fungos, os anfíbios devem ter desenvolvido substâncias para eliminar ou conter a flora cutânea indesejada. É bem provável que seja por esse motivo que, com as modernas técnicas químicas de separação de substâncias, vem aumentando rapidamente o número de compostos antibióticos – particularmente peptídicos – descobertos na pele desses animais.
Cobra-cega
São cegos, pelo menos para a formação de imagens, pois, apesar de apresentarem olhos diminutos e possivelmente pouco funcionais, possuem células que reconhecem luz. No entanto, compensando a falta de visão, perfeitamente dispensável no ambiente em que vivem, são os únicos vertebrados munidos de tentáculos, órgãos mecano e quimiotácteis.
Alguns naturalistas já os chamaram, de maneira apropriada, de “mineiros cegos”. Assim, pelo que se depreende, o mundo desses animais é formado por sensações de cheiros e vibrações, com todo o corpo atuando como um grande ouvido, já que são extremamente sensíveis ao mais mínimo toque.

Reprodução
Em relação à reprodução, é o único anfíbio com órgão copulador, constituído pela eversão do final do intestino, que se transforma em um tipo de “pênis”, chamado phallodeum.
Essa deve ser uma adaptação à falta de patas, já que esse tipo de pênis funciona também como órgão para a apreensão da fêmea. São conhecidas espécies de cecílias vivíparas e ovíparas.
Quando a larva sai dos ovos, vive na água, é vegetariana e respira por brânquias externas.
Depois de passar por diversas transformações (metamorfoses), passa a ter respiração aérea. Respira o ar com um pulmão só. Respira também pela pele que é úmida e coberta de muco.
Dermatofagia
Quando estão com filhotes, as cecílias mudam de cor, e acredita-se que estaeja ligada a algum tipo de secreção que alimentaria seus filhotes (dermatofagia) – literalmente eles comem a pele da mãe.
Com o auxílio de seus dentes especializados, os filhotes arrancam com voracidade a pele da mãe a cada 3 dias e durante somente alguns minutos.
É possível que a mãe, através dessa secreção, forneça energia constante para os filhotes, já que a pele oferece somente proteínas e lipídios e com intervalos de tempo muito longos.